António Guterres deu hoje mais um passo, e um passo muito importante, para se tornar o próximo secretário-geral das Nações Unidas. Há ainda caminho para andar e nada está decidido, já se sabe. Mas a segunda votação verificada no Conselho de Segurança reforçou a liderança de Guterres nesta importantíssima corrida, visto que se alargou, e alargou consideravelmente, a sua vantagem sobre o segundo mais votado. Mesmo considerando que para ganhar não basta ter votos - é preciso não ter vetos... - com a votação de hoje Guterres tornou-se, sem dúvida, o principal favorito à vitória final.

António Guterres, em cujo segundo Governo tive a honra de ser secretário de Estado, merece, sem dúvida, este reconhecimento. Afinal, Guterres tem tudo para ser um grande secretário-geral da ONU: tem inteligência, talento e mérito, tem experiência política, tem experiência internacional, tem conhecimento da Organização e tem o domínio dos mais sérios problemas que hoje se deparam à comunidade internacional, a começar pelo drama dos refugiados que conhece como nenhum outro, depois do seu brilhante desempenho como Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). É, pois, um candidato muito forte.

Ver António Guterres como secretário-geral da ONU seria, obviamente, muito prestigiante para Portugal e para a diplomacia portuguesa. Mas seria sobretudo uma excelente notícia para a própria Organização das Nações Unidas. E é por isso que merece vencer.

 

Artigo publicado no Jornal de Notícias