A epidemia do ébola, cujo surto começou em Março como uma catástrofe (em potência) silenciosa, é considerada uma emergência de saúde pública de carácter mundial desde Agosto. O vírus ébola já infectou mais de 9200 pessoas e matou mais de 4500, sendo que o número de casos na África Ocidental pode aumentar dramaticamente nas próximas semanas e meses. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, a partir de Dezembro, poderão registar-se entre cinco e dez mil novos casos de ébola por semana caso não haja uma resposta rápida e eficaz da comunidade internacional.

Desenhar um plano de emergência em plena crise é difícil mas é o que tem de ser feito, e com urgência, para a epidemia do ébola não se tornar "o desastre humanitário da nossa geração". Dizer, nesta altura, que a resposta da comunidade internacional foi fraca e tardia é fácil mas insuficiente para resolver o problema. É crucial interromper a cadeia de infecção deste vírus mortal através da utilização de todos os meios disponíveis e de uma coordenação eficaz entre todos os países. Precisamos de isolar a doença, não de isolar os países afectados (Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa), nem de estigmatizar os doentes.

O que está a ser feito para combater o vírus do ébola? A Missão de emergência das Nações Unidas para combater o ébola na África Ocidental quer pôr em práctica o plano 70-70-60: 70% dos infectados são corretamente isolados, 70% dos enterros ocorrem de forma segura e tudo isso num prazo de 60 dias. A Comissão Europeia tem monitorizado o surto desde a sua notificação, em Março de 2014, e tem aumentado os seus esforços para tratar as pessoas infectadas e controlar a disseminação do ébola. Financeiramente, a União Europeia e os seus Estados Membros atribuíram 595 milhões de euros aos países afectados pela epidemia. Muitos outros países e organizações estão também envolvidos no actual esforço de combate ao ébola, que passa pelo tratamento das pessoas infectadas e pelo reforço das medidas preventivas. Neste processo, é fundamental aperfeiçoar a coordenação da comunidade internacional, envolvendo também os países afectados e os países vizinhos na região da África Ocidental.

No imediato, parece-me claro que precisamos de acertar o passo na resposta de combate ao ébola. Para isso, precisamos de trabalhar em conjunto, responder com firmeza e sentido de responsabilidade. A longo prazo, todavia, espero que se retirem as devidas lições desta crise do ébola, quer na instalação de sistemas de alerta e resposta de emergência quer no âmbito do debate sobre a nova agenda de desenvolvimento pós-2015, que não pode dispensar um forte investimento no reforço dos sistemas de saúde pública dos países menos desenvolvidos. Esse é o nosso desafio para o futuro que agora começa.

 

Artigo publicado na Newsletter "InfoEuropa 383" dos Eurodeputados Socialistas