Para Portugal, o ano que passou foi o ano da viragem. Graças aos excelentes resultados da política económica e orçamental, a perceção externa sobre a situação do país mudou radicalmente, como poucos achariam possível. Em vez de défice excessivo, ameaças de sanções, juros altos e rating "lixo", temos agora os nossos parceiros europeus e os próprios mercados absolutamente rendidos ao desempenho português. Decididamente, Portugal está na moda: depois do título de campeão da Europa de futebol e da eleição de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas, Portugal ganhou o festival da Eurovisão, recebeu em festa a Web Summit, viu Cristiano Ronaldo colecionar mais uma Bola de Ouro e fechou o ano com o seu ministro das Finanças eleito para a presidência do Eurogrupo. O turismo, esse, bate todos os recordes, com milhões de turistas a virem até nós testemunhar um país que oferece condições ímpares de segurança e proporciona uma singular combinação de cultura e praia, tradições e modernidade. Vêm e prometem voltar.

Longe, muito longe vai o tempo em que alguns nos tentavam convencer de que o país estava melhor, apesar dos portugueses estarem pior. Desta vez é diferente: esta economia que cresce acima da média da Zona Euro e reduz o défice e a dívida para lá das expectativas é a mesma que cria emprego (mais de 210 mil empregos criados desde que mudou o Governo) e consegue reduzir a pobreza e as desigualdades porque distribui mais riqueza pelas famílias, na forma de mais salários, mais pensões, mais prestações sociais e menos impostos.

Evidentemente, não há anos em que tudo corra bem. É assim com cada um de nós, é assim também na vida dos países. Em Portugal, o ano que termina não deixa de registar, do lado negro, a tragédia dos incêndios. Dito isto, devemos recusar a questão de saber se a catástrofe dos fogos foi mais importante do que o sucesso da economia. E a razão é simples: essa é uma pergunta armadilhada. A verdade é que o ano que passou, como tudo na vida, teve luz e teve sombra. Nem os fogos podem ser apagados da nossa memória, nem aquele que foi o melhor ano económico de Portugal desde o início do século pode ser apagado da nossa história.

 

Artigo publicado no Jornal de Notícias